BRAZUCAS NA INGLATERRA
As aventuras dos brasileiros na terra da Rainha
Quando inaugurei esse espaço virtual, citei brevemente o crescimento do futebol inglês no mundo e, também, no Brasil. Quis que esse diário seguisse o crescimento do interesse do brasileiro pelo esporte na Inglaterra e o crescimento do número de brasileiros que ‘’se aventuram pelo Reino Unido’’. Se fizesse esse pedido há alguns anos atrás, estaria torcendo para que esse blog fosse pouco freqüentado. Isso porque nem sempre a Inglaterra foi um destino atrativo para as estrelas do futebol brasileiro. Hoje em dia, isso vem mudando.
A Inglaterra, em se tratando de futebol, sempre teve um complexo de superioridade. Complexo esse que só agora vai se revertendo, apoiado nos seguidos fracassos do English Team. Antigamente a soberba inglesa era tão grande que a Football Association (equivalente inglês da CBF) declinou seguidos convites da FIFA para que a Inglaterra participasse da Copa do Mundo. Essa crença de que o futebol praticado pelos ingleses era o melhor do mundo foi caindo aos poucos.
Como acontecimentos-símbolo do fim desse mito, pode-se citar a derrota para os Estados Unidos na copa de 1950 (um dos maiores upsets da história do futebol), a primeira derrota inglesa em Wembley para uma equipe não-britânica (um acachapante 3-6 contra a lendária seleção húngara, em 1953), a inabilidade da seleção em se classificar para as copas de 1974 e 78 e, mais recentemente, a falha na busca por uma vaga na Euro 2008. É verdade que no meio disso tudo a Inglaterra foi campeã do mundo, mas a própria incapacidade do futebol inglês de capitalizar sobre esse sucesso é um indicador de que, de fato, o melhor futebol do mundo não é jogado pelos ingleses.
Note bem que eu faço questão de falar no futebol ‘jogado pelos ingleses’. E não, ‘’jogado na Inglaterra’’. Hoje em dia, é seguro dizer que o melhor futebol do mundo é jogado na Inglaterra. A Premier League e o sucesso dos clubes ingleses na UEFA Champions League atestam isso. Mas esse sucesso se deve muito mais pelos estrangeiros do que pelos ingleses. E, lentamente, o papel dos brasileiros nesse sucesso vai aumentando. No entanto, nem sempre foi assim.
O primeiro brasileiro a pisar em território inglês para jogar futebol profissional foi Mirandinha. Contratado pelo Newcastle United, o brasileiro não teve boa passagem, tendo sido prejudicado por constantes lesões e pelo estilo de vida inglês, totalmente diferente do que ele estava acostumado. A experiência com Mirandinha, tachado de preguiçoso e egoísta inibiu os Managers ingleses de investirem no talento brasileiro.
Essa resistência durou até 1995 quando Juninho chegou com status de ídolo ao Middlesbrough, um clube modesto que, à época, nunca havia conquistado nenhum título. As passagens do pequeno meia por Teeside renderam bons frutos à equipe: o ex-jogador do São Paulo se tornou um dos maiores ídolos da história do clube e ajudou o Boro a conquistar seu único título: a Copa da Liga de 2004. Nesse meio tempo, Juninho jogou pelo Atlético de Madrid, pelo Vasco e pelo Flamengo e a Inglaterra recebeu mais alguns jogadores brasileiros, que, em sua maioria, passaram sem destaque. As exceções vieram dos Gunners: Sylvinho, Edu e Gilberto Silva tiveram bastante sucesso com o clube londrino e ajudaram a reabrir as portas do futebol inglês para os brasileiros.
Atualmente, há 22 brasileiros no Sistema Inglês de Futebol, 18 desses jogando na Premier League. Alguns rostos conhecidos do grande público brasileiro são Gilberto (lateral/meia do Tottenham e da seleção brasileira), Gilberto Silva (volante do Arsenal e da seleção brasileira), Elano (meia do Manchester City e da seleção brasileira) e Belletti (lateral do Chelsea e campeão do mundo com o Brasil em 2002). Outros nem tão conhecidos: Rafael Schmitz (emprestado pelo Lille ao Birmingham) e Alcides (lateral/zagueiro do Chelsea, emprestado ao PSV). Não é exagero dizer que desses 18 jogadores, a maioria está entre futuras estrelas (Lucas Leiva, Anderson, Denílson) e jogadores experientes (como os supracitados Gilberto Silva e Belletti). Ainda que tímido esse número de brasileiros tem bastante qualidade e não é exagero dizer que esse contingente contribui com o aumento da qualidade da Liga Inglesa.
Os obstáculos para assinar com estrangeiros (para obter o visto de trabalho no Reino Unido é necessário que o jogador estrangeiro tenha participado de 75% dos jogos competitivos de sua seleção nos últimos dois anos. Há também a possibilidade de se obter esse visto nos termos de ‘’excepcional talento jovem’’, dispositivo bastante usado entre os jovens brasileiros) e as dificuldades que os jogadores estrangeiros (mais notadamente sul-americanos) têm de se adaptar ao estilo de vida britânico são fatores que ainda inibem a ida de mais brasileiros para a Liga Inglesa. Mas os acertos - que se multiplicam a cada janela de transferência - também derrubam o mito de que, necessariamente, um jogador sul-americano não se adaptará ao frio, à cultura distinta e ao estilo de jogo.
As aventuras dos brasileiros na terra da Rainha
Quando inaugurei esse espaço virtual, citei brevemente o crescimento do futebol inglês no mundo e, também, no Brasil. Quis que esse diário seguisse o crescimento do interesse do brasileiro pelo esporte na Inglaterra e o crescimento do número de brasileiros que ‘’se aventuram pelo Reino Unido’’. Se fizesse esse pedido há alguns anos atrás, estaria torcendo para que esse blog fosse pouco freqüentado. Isso porque nem sempre a Inglaterra foi um destino atrativo para as estrelas do futebol brasileiro. Hoje em dia, isso vem mudando.
A Inglaterra, em se tratando de futebol, sempre teve um complexo de superioridade. Complexo esse que só agora vai se revertendo, apoiado nos seguidos fracassos do English Team. Antigamente a soberba inglesa era tão grande que a Football Association (equivalente inglês da CBF) declinou seguidos convites da FIFA para que a Inglaterra participasse da Copa do Mundo. Essa crença de que o futebol praticado pelos ingleses era o melhor do mundo foi caindo aos poucos.
Como acontecimentos-símbolo do fim desse mito, pode-se citar a derrota para os Estados Unidos na copa de 1950 (um dos maiores upsets da história do futebol), a primeira derrota inglesa em Wembley para uma equipe não-britânica (um acachapante 3-6 contra a lendária seleção húngara, em 1953), a inabilidade da seleção em se classificar para as copas de 1974 e 78 e, mais recentemente, a falha na busca por uma vaga na Euro 2008. É verdade que no meio disso tudo a Inglaterra foi campeã do mundo, mas a própria incapacidade do futebol inglês de capitalizar sobre esse sucesso é um indicador de que, de fato, o melhor futebol do mundo não é jogado pelos ingleses.
Note bem que eu faço questão de falar no futebol ‘jogado pelos ingleses’. E não, ‘’jogado na Inglaterra’’. Hoje em dia, é seguro dizer que o melhor futebol do mundo é jogado na Inglaterra. A Premier League e o sucesso dos clubes ingleses na UEFA Champions League atestam isso. Mas esse sucesso se deve muito mais pelos estrangeiros do que pelos ingleses. E, lentamente, o papel dos brasileiros nesse sucesso vai aumentando. No entanto, nem sempre foi assim.
O primeiro brasileiro a pisar em território inglês para jogar futebol profissional foi Mirandinha. Contratado pelo Newcastle United, o brasileiro não teve boa passagem, tendo sido prejudicado por constantes lesões e pelo estilo de vida inglês, totalmente diferente do que ele estava acostumado. A experiência com Mirandinha, tachado de preguiçoso e egoísta inibiu os Managers ingleses de investirem no talento brasileiro.
Essa resistência durou até 1995 quando Juninho chegou com status de ídolo ao Middlesbrough, um clube modesto que, à época, nunca havia conquistado nenhum título. As passagens do pequeno meia por Teeside renderam bons frutos à equipe: o ex-jogador do São Paulo se tornou um dos maiores ídolos da história do clube e ajudou o Boro a conquistar seu único título: a Copa da Liga de 2004. Nesse meio tempo, Juninho jogou pelo Atlético de Madrid, pelo Vasco e pelo Flamengo e a Inglaterra recebeu mais alguns jogadores brasileiros, que, em sua maioria, passaram sem destaque. As exceções vieram dos Gunners: Sylvinho, Edu e Gilberto Silva tiveram bastante sucesso com o clube londrino e ajudaram a reabrir as portas do futebol inglês para os brasileiros.
Atualmente, há 22 brasileiros no Sistema Inglês de Futebol, 18 desses jogando na Premier League. Alguns rostos conhecidos do grande público brasileiro são Gilberto (lateral/meia do Tottenham e da seleção brasileira), Gilberto Silva (volante do Arsenal e da seleção brasileira), Elano (meia do Manchester City e da seleção brasileira) e Belletti (lateral do Chelsea e campeão do mundo com o Brasil em 2002). Outros nem tão conhecidos: Rafael Schmitz (emprestado pelo Lille ao Birmingham) e Alcides (lateral/zagueiro do Chelsea, emprestado ao PSV). Não é exagero dizer que desses 18 jogadores, a maioria está entre futuras estrelas (Lucas Leiva, Anderson, Denílson) e jogadores experientes (como os supracitados Gilberto Silva e Belletti). Ainda que tímido esse número de brasileiros tem bastante qualidade e não é exagero dizer que esse contingente contribui com o aumento da qualidade da Liga Inglesa.
Os obstáculos para assinar com estrangeiros (para obter o visto de trabalho no Reino Unido é necessário que o jogador estrangeiro tenha participado de 75% dos jogos competitivos de sua seleção nos últimos dois anos. Há também a possibilidade de se obter esse visto nos termos de ‘’excepcional talento jovem’’, dispositivo bastante usado entre os jovens brasileiros) e as dificuldades que os jogadores estrangeiros (mais notadamente sul-americanos) têm de se adaptar ao estilo de vida britânico são fatores que ainda inibem a ida de mais brasileiros para a Liga Inglesa. Mas os acertos - que se multiplicam a cada janela de transferência - também derrubam o mito de que, necessariamente, um jogador sul-americano não se adaptará ao frio, à cultura distinta e ao estilo de jogo.
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Download: Lista de brasileiros atuando no sistema inglês de futebol (EPL, Championship, League One e League Two) http://rapidshare.com/files/104721911/BRAZUCAS_NA_LIGA_INGLESA__lista_.doc.html.
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OBS: Nesse final de semana serão jogadas as semi-finais da FA Cup, em Wembley. A partida entre Portsmouth e West Brom será transmitida pela ESPN Brasil. A torcida do Blog fica para W.B.A. e Barnsley. Com o palpite realista sendo Portsmouth e Barnsley. De qualquer forma, viva a magia da FA Cup!
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OBS: Nesse final de semana serão jogadas as semi-finais da FA Cup, em Wembley. A partida entre Portsmouth e West Brom será transmitida pela ESPN Brasil. A torcida do Blog fica para W.B.A. e Barnsley. Com o palpite realista sendo Portsmouth e Barnsley. De qualquer forma, viva a magia da FA Cup!
18 comentários:
O campeonato inglês já é reconhecido mundialmente como o melhor futebol do mundo, o que antes era um título que era dado ao espanhol, que tem brasileiros em praticamente todos os times. Acho interessante essa mudança de ares dos brasileiros e também do crescimento de qualidade do campeonato inglês, até por simpatizar com a Inglaterra. Apesar disso tudo, essa miscelânea de jogadores estrangeiros vem sendo ruim para a própria Inglaterra. Motivo: Os principais times ingleses estão com cada vez menos jogadores ingleses. Outra coisa, os times brasileiros estão ficando cada vez mais impotentes perante aos investimentos absurdos vindos de fora, e agora tem mais um país que pode tirar nossos jovens talentosos a qualquer momento. Então fica algo a ser discutido, até que ponto seria realmente interessante o crescimento dos brasileiros no futebol inglês?
Blogueiro de grande potencial; em breve farei proposta pra entrar na nossa equipe do "Jogo Aberto"; senao corro risco de ficar desempregado no futuro kkk.
Tedio.
De fato, Ale. Esse crescimento da quantidade E da qualidade dos estrangeiros está sendo prejudicial ao desenvolvimento de jovens jogadores ingleses. A FA recomendou uma pesquisa e os números iniciais foram de que somente cerca de 20% dos jogadores doa grandes clubes são ingleses. Isso é muito pouca coisa. Mas isso aí é assunto para um post todo. No entanto, o que fica é que ou a Inglaterra restrinja ainda mais a entrada de estrangeiros ou o futuro da seleção é escuro.
A título de curiosidade, em 1999, o Chelsea foi o primeiro time inglês a colocar 11 jogadfores estrangeiros em campo. Pouco tempo depois, o Arsenal colocou 16 jogadores (titulares e reservas) estrangeiros. Quando um time grande como o Arsenal tem poucas opções inglesas e um time titular totalmente estrangeiro, a presença dessas colônias se torna preocupante para o desenvolvimento do futebol inglês.
Em contrapartida pra nós brasileiros é excelente. Nossa seleção já dispõe de experiências de todos os grandes centros mundiais de futebol, e embora nosso técnico atual não ajude, os jovens brasileiros nos darão muitas alegrias no futuro.
Quanto ao campeonato inglês, não sei, pode acabar sendo bom internamente, mas essa falta de valorização aos próprios jovens talentos vai deixar a Inglaterra continuar caminhando no escuro.
bem postado, mas brazucas é sacanagem
Bem, ao ler essa texto, fico triste ao ver q nosso jovem (futuro) jornalista esqueceu de citar o fato que a vitoria na copa do mundo de 66 foi a partir de um lance de erro de arbitragem em que foi dado o gol (para a inglaterra) sem a bola ter entrado por completo, concretizando a vitoria inglesa. Mas tirando esse fato desprezado pelo jovem joao vitor, o seu texto esta de excelente qualidade e quica acima da media de muitos jornalistas "de nome"
Realmente, essa falta de valorização já vai deixando marcas no English Team.
Renato,
Hoje em dia dispomos de tecnologias que, à época, eram impensáveis. Condenar a arbitragem por um erro desses é, no mínimo, insensível.
E mesmo com todas essas tecnologias, Chelsea foi garfado na última campanha "vitoriosa" do Liverpool na UCL (Y)
Não é qualquer jogador que entra na Inglaterra. Os brasileiros além de estarem jogando em times grandes, estão se destacando mesmo: Belleti, Alex, Anderson, Lucas etc..
Muito bom..
Muito bom o texto Jv, parabéns.
Gosto do estilo meio fechado da Inglaterra, porem, quando se trás algo que é fora do normal, um otimo jogador, o que aumenta o nivel do campeonato, sou completamente a favor da contratação.
So não vale começar a comprar 325155 brasileiros perebas para testar se a formula da certo.
O sucesso crescente de brasileiros jogando na "terra da Rainha" anima-me até a entrar para o ramo futebolístimo!!
Afinal, qm não gostaria de tal chance! hahaha
Mais um ótimo texto!!
Aí, ficou muito bom kra!
Bela pesquisa hein!
Parabens!
Abraços!!!
Não me animda nada ver jogadores do futebol brasileiro estarem cada vez mais precocemente atuando no futebol europeu, em especial o inglês aqui discutido.
No entanto, para a vida profissional de cada um não há como negar de que seja um grande negócio.
Em relação ao texto, mais uma vez bem escrito.
Brenno...
Esse blogueiro é demais!
Está fazendo um ótimo trabalho JV!
Abs
ta na hora de atualizar esse blog hein !?!?
Naum entendi muito bem esse "atestado de jovem talento". Tem vários jogadores que vão para a Inglaterra que não se tem a mínima noção da onde vem. O Schmitz, zagueiro do Birmingham, naum fez um jogo pela seleção brasileira e joga por lá.
E o melhor futebol do mundo eh jogado pelo TOP 4 inglês. O resto dos times são frágeis. Os únicos que dão uma salvada são Tottenham, Portsmouth e Man City, este cavalo-paraguaio. Basta ver a Copa da UEFA que verás que estou falando a verdade.
Fabrizio,
O Schmitz tem dupla-nacionalidade: francesa e brasileira. Logo, isso não se aplica a ele. E, apesar de discordar com o que você diz, entendo sua posição.
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