terça-feira, 15 de abril de 2008

O Centurião


O CENTURIÃO

Com algum atraso, o Inglesada faz uma retrospectiva dos 100 jogos de David Beckham pelo English Team e apresenta os outros Centuriões


Ao jogar contra a França, no amistoso do dia 26 de março, David Beckham se tornou apenas o quinto jogador inglês a ter 100 participações em jogos pela seleção. Ele se junta a Billy Wright, Sir Bobby Charlton, Bobby Moore e Peter Shilton, lendas inglesas que também alcançaram a expressiva marca. São os Centuriões.

Quando realizou seu maior sonho (jogar profissionalmente pelo Manchester United), David Robert Joseph Beckham não imaginava que, junto com a fama, viria uma página da história do futebol inglês dedicada a ele. O jovem Becks fazia parte de uma geração que fez história no Manchester United. Ele, Ryan Giggs, Paul Scholes, Gary e Phil Neville e Nicky Butt foram os jovens que, contando com o apoio incondicional de Sir Alex Ferguson, conquistaram para o United seis Premier Leagues, 2 FA Cups e 1 Champions League, no épico jogo diante do Bayern.

Antes disso, Beckham fez sua estréia no English Team (1996) e passou pelo seu pior momento na carreira: a expulsão diante da Argentina na Copa do Mundo de 1998. Após a consagração com o Manchester United veio o reconhecimento com a Seleção: em 2000, ele foi nomeado capitão da Inglatera e em 2001 se consagrou de vez ao classificar sua seleção na Copa de 2002 marcando um lendário gol de falta no fim do jogo contra a Grécia. Becks seguiu como capitão nas copas de 2002 e 2006 e Euro 2004. Ao fim da copa de 2006, aos 31 anos, Beckham cedeu o cargo de capitão mas não se aposentou da seleção. Desde então foi chamado poucas vezes e nessa última oportunidade alcançou – merecidamente – a lendária marca.

Os outros Centuriões:

- Billy Wright (1946-59):

.Lealdade. Essa é a palavra que pode definir Billy Wright. Tendo jogado toda sua carreira nos Wolves, Wright foi capitão da Inglaterra nas Copas de 1950, 54 e 58 tendo sido alçado a esse posto em 1948. Ele fez 105 jogos pela seleção, marcou 3 vezes e faleceu em 1994, com 70 anos de idade.

- Sir Bobby Charlton (1958-70):

.Um dos maiores jogadores ingleses da história, Charlton formou- se no Manchester United e sobreviveu ao desastre de Munique, em 1958. Após a tragédia, ele foi chamado pela Seleção Inglesa e acabou jogando 106 partidas e marcando 49 gols. Foi parte integral do time que ganhou a Copa de 1966.

- Bobby Moore (1962-73):


.O maior capitão da história do English Team, Bobby Moore foi revelado pela Academia do West Ham e fez sua estréia na seleção em 1962, contra o Peru. Virou capitão em 1964 e participou da maior conquista de sua Seleção. Ele teve 108 partidas e 2 gols marcados pelo selecionado. Faleceu em 1993, com 51 anos.

- Peter Shilton (1970-90)

.Shilton é o recordista de partidas pelo English Team: 125 no total. Em uma história que começou em 1970 e se estendeu até 1990 quando o goleiro tinha 41 anos, Shilton teve altos e baixos com o selecionado inglês. Sua disputa com Ray Clemence e a sua participação na ótima campanha na Copa de 1990 contrastam com sua falha no jogo decisivo das Eliminatórias para a Copa de 1974.

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Ontem, o Chelsea empatou com o Wigan pela 34a Rodada da EPL e se distanciou do Manchester United, que venceu no domingo o Arsenal. A diferença dos Blues para os Red Devils é agora de 5 pontos.

sábado, 12 de abril de 2008

A Revolução de Redknapp


A REVOLUÇÃO DE REDKNAPP
Como Harry Redknapp levou o Portsmouth da segunda divisão à Europa e à final da FA Cup


Tendo sido objeto de várias compras e vendas ao longo do último século, o Portsmouth FC, clube do sudeste da Inglaterra, vive um raro momento de glória. A equipe, atualmente possuída por Alexandre Gaydamak (francês, descendente de russos e com passaporte israelense), está na final da FA Cup e em sexto na Premier League (posição que garante ao time uma vaga na próxima Copa da UEFA).

Muito desse momento deve-se ao trabalho de Harry Redknapp, treinador inglês que começou no futebol como mais um produto da tradicionalíssima Academia de Futebol do West Ham. Harry é pai de Jamie Redknapp (ex-jogador do Liverpool) e tio de Frank Lampard (ídolo do Chelsea) e iniciou sua carreira no Pompey como diretor de futebol, em 2001. No início de 2002 ele virou técnico da equipe pela primeira vez.

Durante seu primeiro período como Manager, Redknapp conseguiu levar o Portsmouth à Premier League, após 16 anos fora da elite. Contudo, problemas de relacionamento com o então presidente Milan Mandaric fizeram com que Harry pedisse demissão. Mais problemas para o veterano técnico surgiram quando ele aceitou a proposta para se tornar Manager do Southampton, rival do Pompey. Redknapp não foi bem nos Saints: a equipe foi rebaixada e o treinador não conseguiu formar um time capaz de subir novamente. Após mais desentendimentos, desta vez com a hierarquia do Southampton, Redknapp voltou para um Portsmouth diferente.

A equipe vinha muito mal na EPL 2005/06 e se aproximava perigosamente da zona de rebaixamento. Redknapp, impulsionado pelas libras de Gaydamak (que havia acabado de comprar o clube), refez o elenco e manteve o Portsmouth na elite inglesa. Em 2006/07, Harry seguiu fazendo boas contratações. David James, Sol Campbell, Sulley Muntari e Nwankwo Kanu atestam isso.

Mais do que a rotina de ótimas contratações, que em 2007/08 continuou (com a aquisição de Jermain Defoe, Glen Johnson, Lassana Diarra), o maior mérito de Redknapp foi formar uma equipe competitiva, que ajudou a erguer o perfil do clube no cenário inglês, e tornar o Pompey um candidato usual às competições européias. Status que pode ser conquistado independentemente da posição final do Portsmouth na EPL, já que o vencedor da FA Cup, título que a equipe não vence há 69 anos, conquista uma vaga para a Copa da UEFA. E Harry Redknapp quer triunfar em Wembley, não somente para levar o Pompey à Europa, mas para conquistar, também, seu primeiro título na carreira.
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Na UEFA Champions League, semifinal inglesa: Liverpool e Chelsea irão se defrontar pela terceira vez em quatro anos, na principal comeptição européia. Dia 22, em Anfield e dia 30 em Stamford Bridge. Na outra semifinal, Barcelona e Manchester United tentarão uma vaga na final. Dia 23 de abril, no Camp Nou e dia 29 no Old Trafford.
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Edição: A princípio, o Portsmouth já tem vaga garantida na próxima Copa da UEFA, haja visto que o seu adversário na final da FA Cup é galês e não poderia representar a Inglaterra. No entanto, há alguns burburinhos na UEFA de que, caso o Cardiff conquiste a Copa da Inglaterra, ele poderá jogar a Copa da UEFA. O palpite do blog é de que não passarão de burburinhos já que Pompey deve conquistar facilmente (e merecidamente) a FA Cup.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Brazucas na Inglaterra


BRAZUCAS NA INGLATERRA
As aventuras dos brasileiros na terra da Rainha

Quando inaugurei esse espaço virtual, citei brevemente o crescimento do futebol inglês no mundo e, também, no Brasil. Quis que esse diário seguisse o crescimento do interesse do brasileiro pelo esporte na Inglaterra e o crescimento do número de brasileiros que ‘’se aventuram pelo Reino Unido’’. Se fizesse esse pedido há alguns anos atrás, estaria torcendo para que esse blog fosse pouco freqüentado. Isso porque nem sempre a Inglaterra foi um destino atrativo para as estrelas do futebol brasileiro. Hoje em dia, isso vem mudando.

A Inglaterra, em se tratando de futebol, sempre teve um complexo de superioridade. Complexo esse que só agora vai se revertendo, apoiado nos seguidos fracassos do English Team. Antigamente a soberba inglesa era tão grande que a Football Association (equivalente inglês da CBF) declinou seguidos convites da FIFA para que a Inglaterra participasse da Copa do Mundo. Essa crença de que o futebol praticado pelos ingleses era o melhor do mundo foi caindo aos poucos.

Como acontecimentos-símbolo do fim desse mito, pode-se citar a derrota para os Estados Unidos na copa de 1950 (um dos maiores upsets da história do futebol), a primeira derrota inglesa em Wembley para uma equipe não-britânica (um acachapante 3-6 contra a lendária seleção húngara, em 1953), a inabilidade da seleção em se classificar para as copas de 1974 e 78 e, mais recentemente, a falha na busca por uma vaga na Euro 2008. É verdade que no meio disso tudo a Inglaterra foi campeã do mundo, mas a própria incapacidade do futebol inglês de capitalizar sobre esse sucesso é um indicador de que, de fato, o melhor futebol do mundo não é jogado pelos ingleses.

Note bem que eu faço questão de falar no futebol ‘jogado pelos ingleses’. E não, ‘’jogado na Inglaterra’’. Hoje em dia, é seguro dizer que o melhor futebol do mundo é jogado na Inglaterra. A Premier League e o sucesso dos clubes ingleses na UEFA Champions League atestam isso. Mas esse sucesso se deve muito mais pelos estrangeiros do que pelos ingleses. E, lentamente, o papel dos brasileiros nesse sucesso vai aumentando. No entanto, nem sempre foi assim.

O primeiro brasileiro a pisar em território inglês para jogar futebol profissional foi Mirandinha. Contratado pelo Newcastle United, o brasileiro não teve boa passagem, tendo sido prejudicado por constantes lesões e pelo estilo de vida inglês, totalmente diferente do que ele estava acostumado. A experiência com Mirandinha, tachado de preguiçoso e egoísta inibiu os Managers ingleses de investirem no talento brasileiro.

Essa resistência durou até 1995 quando Juninho chegou com status de ídolo ao Middlesbrough, um clube modesto que, à época, nunca havia conquistado nenhum título. As passagens do pequeno meia por Teeside renderam bons frutos à equipe: o ex-jogador do São Paulo se tornou um dos maiores ídolos da história do clube e ajudou o Boro a conquistar seu único título: a Copa da Liga de 2004. Nesse meio tempo, Juninho jogou pelo Atlético de Madrid, pelo Vasco e pelo Flamengo e a Inglaterra recebeu mais alguns jogadores brasileiros, que, em sua maioria, passaram sem destaque. As exceções vieram dos Gunners: Sylvinho, Edu e Gilberto Silva tiveram bastante sucesso com o clube londrino e ajudaram a reabrir as portas do futebol inglês para os brasileiros.

Atualmente, há 22 brasileiros no Sistema Inglês de Futebol, 18 desses jogando na Premier League. Alguns rostos conhecidos do grande público brasileiro são Gilberto (lateral/meia do Tottenham e da seleção brasileira), Gilberto Silva (volante do Arsenal e da seleção brasileira), Elano (meia do Manchester City e da seleção brasileira) e Belletti (lateral do Chelsea e campeão do mundo com o Brasil em 2002). Outros nem tão conhecidos: Rafael Schmitz (emprestado pelo Lille ao Birmingham) e Alcides (lateral/zagueiro do Chelsea, emprestado ao PSV). Não é exagero dizer que desses 18 jogadores, a maioria está entre futuras estrelas (Lucas Leiva, Anderson, Denílson) e jogadores experientes (como os supracitados Gilberto Silva e Belletti). Ainda que tímido esse número de brasileiros tem bastante qualidade e não é exagero dizer que esse contingente contribui com o aumento da qualidade da Liga Inglesa.

Os obstáculos para assinar com estrangeiros (para obter o visto de trabalho no Reino Unido é necessário que o jogador estrangeiro tenha participado de 75% dos jogos competitivos de sua seleção nos últimos dois anos. Há também a possibilidade de se obter esse visto nos termos de ‘’excepcional talento jovem’’, dispositivo bastante usado entre os jovens brasileiros) e as dificuldades que os jogadores estrangeiros (mais notadamente sul-americanos) têm de se adaptar ao estilo de vida britânico são fatores que ainda inibem a ida de mais brasileiros para a Liga Inglesa. Mas os acertos - que se multiplicam a cada janela de transferência - também derrubam o mito de que, necessariamente, um jogador sul-americano não se adaptará ao frio, à cultura distinta e ao estilo de jogo.
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Download: Lista de brasileiros atuando no sistema inglês de futebol (EPL, Championship, League One e League Two) http://rapidshare.com/files/104721911/BRAZUCAS_NA_LIGA_INGLESA__lista_.doc.html.
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OBS: Nesse final de semana serão jogadas as semi-finais da FA Cup, em Wembley. A partida entre Portsmouth e West Brom será transmitida pela ESPN Brasil. A torcida do Blog fica para W.B.A. e Barnsley. Com o palpite realista sendo Portsmouth e Barnsley. De qualquer forma, viva a magia da FA Cup!